All watched over by machines of loving grace é um documentário produzido no ano passado por Adam Curtis em parceria com a BBC. Seu título faz referência a um poema publicado em 1967 sob o mesmo nome, cujo o autor, Richard Brautigan, falava de uma sociedade onde os homens estavam livres de trabalho e a natureza tinha alcançado seu estado de equilíbrio, tudo graças ao avanço da cibernética.
Capa do livro de Brautigan – Fonte da imagem
O documentário de Adam Curtis é dividido em 3 partes diferentes, cada uma falando de um subtema relacionado à nossa crença nas máquinas e no seu poder de transformar a vida humana. Na verdade, o doc faz uma crítica à essa crença, à sobrevalorização das máquinas, defendendo que elas não conseguiram cumprir o papel libertador esperado.
A primeira parte, intitulada Amor e Poder, aborda as implicações da teoria do Objetivismo de Ayn Rand, que propunha uma sociedade livre do altruísmo, sobre o mercado financeiro norte-americano e também sobre os produtores de tecnologia do Vale do Silício. Esta primeira parte do documentário mostra como o casamento entre a teoria de Ayn e a crença no poder das máquinas produziu a ilusão de uma sociedade que prescindia, entre outras coisas, de políticos e que se autogovernava e se autoregulava com a ajuda dos computadores.
A segunda parte do doc, O uso e abuso dos conceitos vegetacionais, mostra o entrelaçamento entre a teoria da cibernética e a teoria do ecossistemas naturais, que produziu a crença de que a natureza era um sistema autoregulado e estável. Aqui Adam fala sobre a emergência das comunidades hippies nos anos 60 e dos cientistas da computação da contracultura, descrentes com a política e desejosos de uma sociedade sem líderes e organizada em forma de redes.
A terceira parte, O macaco dentro da máquina e a máquina dentro do macaco, encerra o doc com a discussão em torno da teoria sobre o comportamento humano moldado por códigos matemáticos genéticos, o ser humano como uma máquina controlada por seus genes. Nessa parte final, Adam fala sobre como pensamos ser máquinas e de como isso provocou guerras étnicas.
Adam arremata seu documentário com uma critica contundente à tradição tecno-utópica. Para ele, o fato de depositarmos nossas esperanças de revolução nas máquinas e, muitas vezes, também nos enxergamos como máquinas, é uma forma de desculpa e justificativa para nossa incapacidade política de mudar o mundo.
O documentário de Adam é um verdadeiro passeio por acontecimentos e ideias que marcaram e ainda marcam a nossa sociedade da utopia tecnotrônica. Vale a pena dar uma conferida!
Quem quiser fazer o download do doc aqui no Pirate Bay tem o torrent!
Estava procurando esses vídeos há algum tempo, desde que assisti na TV Escola. Obrigado!
Há uma acultura da superficialidade?
“Um poder será tanto maior quanto menos for percebido.”
Michel Foucault, leia mais no livro http://www.facebook.com/download/154625034700085/Foucault-Michel_Vigiar-e-Punir.pdf
O terceiro é muito bom. Teoria do ” Gene Egoísta” é muito foda.
Excelente texto. Deu mesmo vontade de ver, perna que tiraram o terceiro do ar.
Esse tema da tecnologia e a humanidade me é particularmente muito interessante. Obrigado, Aracele.
Se não me engano os meninos do baixacultura conseguiram recuperar esse terceiro aê, dá um pulinho no site deles que deve tá lá. 😉
Eu assiste até o segundo, o terceiro parece estar fora do ar…Muito boa a dica. Valeu Aracele!
Infelizmente parece que tiraram o conteúdo do 3 do ar, não sei o que houve, mas acho que você pode encontrar no youtube ou mesmo para baixar.
Assisti o documentário nesse final de semana, realmente, muito interessante, super recomendo!!